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Exposição B.B. King: um mundo melhor em algum lugar

Ocorreu no MIS – Museu da Imagem e do Som, em São Paulo a exposição B.B. King: um mundo melhor em algum lugar, que visava a vida e carreira do Rei do Blues, com exposições de fotos, objetos pessoais, guitarras, entre outros, sendo alguns destes objetos pertencentes ao B.B. King Museum, localizado em Mississippi, Estados Unidos.


Com parte de seu nome retirado do álbum “There Must Be a Better World Somewhere” de 1981, a exibição iniciava - se com um contexto histórico da segregação racial no Estados Unidos. Logo no início, haviam duas portas, sendo uma branca que dava acesso à uma sala minúscula, fechada, digna de despertar claustrofobia mesmo em quem não sofre do transtorno, e com placas com dizeres discriminatórios e frases de efeito.


À esquerda: porta branca com a palavra "white" - À direita: dizeres na parte interna da sala branca

Já a outra, uma porta toda preta, com a palavra “Colored” que, ao adentrar, o visitante se deparava com uma espécie de “mundo mágico, onde tudo pode acontecer...”. Ao passar por um corredor com imagens de plantações de algodão e algumas luzes vermelhas que deixavam o ambiente quente, como se estivesse de baixo de sol em dia de verão, a mostra começava relatando fatos históricos e tentando ao máximo colocar o visitante para vivenciar o episódio ocorrido em terras americanas. A tentativa era tanta que se tornava inconveniente. Durante toda a exposição, os convidados podiam acompanhar uma linha do tempo com fatos importantes (ou nem tanto assim) na história da humanidade e sempre com a divisão étnica como tema principal.


À esquerda: porta com a palavra "colored" - À direita: corredor com luzes vermelhas

E quanto ao B.B. King?


Ah sim, o Rei do Blues, o protagonista da exposição! Pois bem, haviam algumas salas com objetos pessoais, fotos, um pouco da história de Lucille, sua eterna fiel escudeira, assim como uma guitarra Gibson Lucille, autografada pelo próprio guitarrista em um show em São Paulo em 1993, também como diversos documentários sendo exibidos simultaneamente, fotos, primeiro troféu Grammy recebido por King...mas tudo em segundo plano. Parecia até uma citação de um artista em uma exposição sobre a segregação racial.



As únicas salas que retrataram com uma certa exclusividade a obra do artista foi a sala principal, onde o público podia sentar em uma espécie de arquibancada ou ficar no centro em uma plataforma giratória, tudo isso acompanhando imagens de King e ouvindo sucessos de sua carreira. Na sala que dava acesso à este ambiente, tinha uma parede com toda a discografia do guitarrista, sendo possível ouvi-las; E também o espaço com os objetos citados anteriormente.



O que disseram os organizadores?


No site do MIS havia um texto de autoria desconhecida que dizia ser a “Primeira exposição inteiramente dedicada ao artista no Brasil”, ao mesmo tempo que diziam que “A trajetória de vida e superação de B.B. King é metáfora para tratar do tema maior da exposição: os preconceitos vivenciados por todos até os dias de hoje em nossa sociedade.”

Ainda no site, havia uma citação que dizia: “No começo da exposição, o público se depara com uma geometria preta e branca que divide e separa, representando a segregação. Pouco a pouco, essa configuração se transforma em uma paleta multicolorida da diversidade de cores e conteúdo, criando uma praça que celebra a diversidade e convida ao diálogo, sem esquecer do que ainda precisa ser superado.”



No flyer, disponível para retirada gratuita logo na entrada do museu, um breve texto assinado por André Sturm, diretor – geral do MIS e curador da exposição, trouxe a seguinte afirmação: “Percebi que podia fazer uma exposição que abordasse a vida do genial B.B. King e, em paralelo, a história da segregação racial e a luta pelos direitos civis nos EUA.”


Ou seja, não era uma exposição inteiramente dedicada ao Rei do Blues, assim também como não foi uma exposição para falar da segregação racial nos Estados Unidos pois, neste caso, a mesma seria apresentada através de fatos e não exposta de forma sensacionalista e tendenciosamente voltada para uma determinada filosofia; mas sim uma mostra para falar de questões doutrinárias, tendo B.B. King como uma citação dentro do tema principal, um pretexto para falar de questões ideológicas.


Apelo ideológico em demasia


Embora um determinado artista retrate em sua obra algum contexto histórico ou algo que viveu em sua vida pessoal não justifica que seu talento e sua carreira sejam colocados em segundo plano em prol de um sensacionalismo ideológico.


O talento do Rei do Blues, assim como sua obra são inquestionáveis e mereciam ser destaque do evento. O contexto histórico é uma citação, algo que deveria ser relatado apenas para situar os visitantes, caso necessário e, de forma alguma, apelativo e/ou tendencioso.


Assim como na exposição Tina Turner: uma viagem para o futuro, o destaque exagerado de uma ideologia se sobrepôs ao trabalho do artista, algo completamente inaceitável, mesmo sendo esta uma tendência do MIS nas últimas mostras.


O link do site do MIS sobre a exposição B.B. King: um mundo melhor em algum lugar será disponibilizado abaixo, embora não haja precisão sobre o funcionamento do mesmo a longo prazo.


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